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Arquitetos: Intersticial Arquitectura
- Área: 245 m²
- Ano: 2024
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Fabricantes: Ciento.12, Helvex, Nanocal

Descrição enviada pela equipe de projeto. Existem casas que são herdadas. Outras que são compradas. E há algumas, muito poucas, que são construídas a partir do afeto. A Casa de Rubén é uma delas. Um centro comunitário de lazer diurno destinado à comunidade LGBTQ+ do Bajío.

Nascido como um gesto de amor e memória. Em homenagem a Rubén Salazar: filho, irmão, amigo e jovem ativista, cuja vida foi marcada pela luta constante contra a não discriminação e a inclusão. Não é uma homenagem de pedra, nem um discurso congelado em muros. É um espaço vivo. Aberto. Vulnerável. Uma casa onde a pausa, a companhia e a escuta importam tanto quanto o teto.

Desde o início, aqueles que estavam por trás do projeto entenderam que não se tratava de projetar uma edificação, mas de sustentar uma possibilidade. A possibilidade de se sentir seguro. De pertencer. De curar sem ter que explicar tudo. De estar. E isso requer mais do que plantas: requer presença, sensibilidade e compromisso real.

O lugar, uma grande casa no Centro Histórico de Querétaro, México, guardava suas próprias camadas de silêncio. Cada muro revelou algo. Restaurar não era impor uma forma, mas acompanhar a que já estava lá. Ouvi-la. Respeitá-la.

A Casa de Rubén foi possível graças a um cliente com uma visão nobre e profundamente filantrópica: oferecer um espaço digno de apoio, encontro e cura para a comunidade LGBTQ+ em Querétaro e sua região. Essa convicção foi o ponto de partida. A arquitetura veio depois, como ferramenta para traduzir esse gesto em espaços reais, acessíveis e honestos.


Através de uma intervenção sóbria, foram articulados salões, oficinas, pátios, varandas. Todos conectados por uma atmosfera serena, sem imposições. Restaurou-se sem ocultar o passar do tempo. Foram criadas aberturas generosas para deixar a luz entrar, para que o ar circulasse sem interrupções. Deixou-se visível o que havia sido apagado.

Cada gesto busca acompanhar, não dirigir. Abrir, não controlar. Proteger, sem enclausurar. Hoje, a Casa de Rubén não ostenta arquitetura. Ela respira, habita e se transforma em um gesto cotidiano. Em um pátio que convida. Em uma luz que entra sem pedir permissão. Em um espaço que se entrega sem perguntar a quem.

Aqui não se julga. Não se exige. Não se interrompe. Aqui se está. E esse estar, coletivo, afetivo, presente, é o que dá sentido a tudo o mais. A Casa de Rubén é a casa de todos.
















